A sociedade brasileira – sobretudo o meio católico – está verdadeiramente fervilhando de notícias em virtude da “corrida presidencial” – que neste dias mais parece “boxe presidencial”.

O Reinaldo Azevedo escreveu um excelente artigo “descendo a lenha” no apoio descarado que o Ministério da Saúde, na pessoa do Ministro José Gomes Temporão [abortista fanático], tem dado à causa abortista. A postagem do Reinaldo denuncia a calhordice de Temporão, que desperdiçou R$ 80.000,00 dos cofres públicos [usando a dotação do Ministério da Saúde] na produção de um vídeo com depoimentos [comprados?] de mulheres que se dizem a favor da descriminalização do aborto. O blogueiro da Veja escreveu:

Os abortistas enchem a boca para afirmar que a interdição é de natureza religiosa e que o estado é leigo. Uma ova! Mais de 70% dos brasileiros são contra a mudança da legislação na área. Se é ou não a religião que move boa parte, pouco importa. O estado brasileiro existe também para os crentes. Ou não? Se o estado tem de ser leigo, e tem, também tem de ser neutro no que diz respeito a paixões. Não cabe ao governo, como gerente desse Estado na área executiva, patrocinar campanhas contra interdições legais. O governo é um servo das leis, não um agente do proselitismo.

Enquanto isso, D. Demétrio Valentini decepciona os católicos brasileiros em uma espécie de “anti-campanha” ou “tentativa desesperada de salvar a campanha de Dilma”: o prelado resolveu “esclarecer e denunciar” aquilo que chamou de “instrumentalização da questão do aborto”. Esta infeliz declaração de D. Demétrio teve algumas implicações péssimas:

 

i)          O blog da Dilma publicou a declaração.

ii)        O Padre José Comblin publicou no site da Adital [“tradicionalmente” diabólico] uma Carta Aberta a D. Demétrio na qual ele endossa o posicionamento do bispo, tece loas ao mesmo, e afirma – quase em tom de ameaça – que “se não houver um esclarecimento público, ficará a imagem de uma igreja conivente com as manobras espúrias”. Pe. Comblin ainda acrescentou, antes de finalizar sua Carta: “Queremos continuar confiando nos nossos bispos e por isso aguardamos palavras claras”.

iii)     Pasmem (ou não!): a CNBB atendeu, solícita, ao pedido do Pe. Comblin e publicou uma Nota em Relação ao Momento Eleitoral. A CNBB está preocupada com os bispos que, sensatamente, estão orientando de forma clara os seus fiéis a não votar em uma candidata cujo partido é **institucionalmente** favorável à descriminalização do aborto. Lamentável.

 

Em meio a esta confusão, a Globo compilou as declarações que Dilma, Serra e Marina – ao longo de sua carreira política – já fizeram a respeito do tema aborto. Em algumas declarações, eles – como diria Dilma (argh!) no debate de ontem na Band -“apenas tergiversam”. Mas em outros pronunciamentos fica claro o posicionamento favorável da candidata petista à descriminalização do aborto. Nas palavras dela, é **um absurdo** que abortar seja crime! \o/ Confiram a matéria no G1.

Por falar em debate na Band, quem não assistiu ontem poderá conferir os 5 rounds da Batalha pelo Poder clicando aqui [os links para o debate estão nos comentários feitos a respeito de cada bloco. Quem não conseguir acessar no site da Band pode assistir no Youtube]. Em tempo: ou o debate foi mal divulgado ou as pessoas encheram a paciência de assistir a este tipo de espetáculo circense: a rede amargou o quinto lugar no Ibope durante a transmissão do debate ontem

O Último Segundo, por sua vez, abriu uma enquete com respostas a meu ver propositadamente mal escritas para saber qual o percentual de pessoas que mudariam de voto em função do tema aborto. Votem clicando aqui! O tempo urge e nós precisamos demonstrar a força de nossas posições. A alternativa a ser escolhida é, obviamente, **a segunda**.

E o Gabriel Chalita? Pensam que ele escapou? Justo ele – que adora escrever cartas para amigos e para a mãe – agora tem que engolir uma Carta de Repúdio à sua pessoa, escrita pelo Pe. Michelino Roberto, do Grupo de Oração Sementes do Espírito, da Paróquia de Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo. Não consegui acessar a tal carta pelo site da Paróquia (terão recebido ordens de tirar do ar, como as restrições impostas a alguns vídeos do Youtube que demonstram a incoerência do Chalita?… Nunca saberemos). O fato é que sempre há uma solução: a carta está postada neste blog 😉 Um dos trechos diz:

 

Às vésperas da eleição, vimos também a sua presença marcante no encontro de Dilma com a imprensa para tratar publicamente do “apoio religioso”. Como se já não bastasse, vimos nos jornais de hoje duas notícias que só corroboram com nosso terror: a de que o Sr. fora escolhido para “costurar” apoio de religiosos à candidatura Dilma

[…]

Continuaremos rezando por você para que você reencontre seu caminho, a tanto perdido.

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mateus 5:37

É, Chalita. Se eu fosse você não brincava de papagaio do Lula, não. Tua máscara está caindo…

Por fim, eu não poderia me esquecer de fazer côro à Campanha de Orações pela Salvação do Brasil, que reiniciou hoje! Faltam 20 dias para as eleições do segundo turno. Se rezarmos todos os dias, a começar de hoje, um terço em honra de Nossa Senhora, teremos oferecido um milheiro de ave-marias à Santíssima Virgem para que ela nos livre do flagelo do comunismo. Hoje, 11 de Outubro, a intenção especial é “pela vitória da Verdade, contra a mentira”. Participem! Para mais detalhes acessem o site da Campanha.

p.s.: Aproveitem para rezar a fim de que consigamos que os bispos do Brasil consagrem o país ao Imaculado Coração de Maria. Para que o façam, senão pela benevolência episcopal, ao menos pela insistência dos fiéis que lhes suplicam 😉

 

Embora o posicionamento da CNBB com relação às próximas eleições seja – a meu ver – tíbio, dúbio e tímido, é notório que se têm multiplicado as iniciativas isoladas de bispos e de regionais em uma verdadeira campanha de conscientização das pessoas para que observem bem os critérios morais cristãos antes de escolher um candidato. Não-católicos também têm se manifestado, e bem!, nesse sentido. É óbvio que ao falar em “moral”, “consciência” e “eleições” esbarramos em um ogro chamado Partido dos Trabalhadores – que é amoral e imoral, que busca cercear ao máximo a liberdade de consciência e que não passa de um monstro faminto por ganhar o próximo pleito eleitoral [o que garante a continuidade da sua ditadura mal-disfarçada].

Cristão não vota no PT. Alguns motivos para esta afirmativa que acabo de fazer estão sutilmente expostos no vídeo abaixo. Embora **haja alguns erros conceituais** [p.ex.: a noção de capitalismo] e **deslizes na maneira de expor alguns assuntos**, acho que é válido assistir ao vídeo. Nele, o Pe. Berardo Graz fala um pouco de defesa da Vida, democracia, lei natural, Valores Cristãos, etc. Tudo aquilo a que o Partido dos Petralhas tem ojeriza. Vejam:

Há quem diga que a escolha de um candidato deve prescindir das nossas “opções religiosas”. Normalmente quem pensa assim começa com aquele velho [e, para mim, insuportável] argumento de que “o Estado é laico, portanto não se pode tomar por base critérios morais ditados pela religião se a decisão do voto também terá impacto na vida dos não-cristãos, ateus e agnósticos”. Então quer dizer que eu devo me desfazer das minhas convicções para aderir a uma convicção que se alinhe ao senso comum? E se o que o senso comum determinar não for o melhor para todos? E se a voz do povo não for a voz de Deus?Vou ter que me consolar com a ideia de que “pelo menos não me dei mal sozinho”? Vou ter que driblar minha consciência, moldar meu posicionamento e minha orientação política para seguir, bovinamente, as escolhas de uma sociedade doente, de um governo corrupto e de um Estado falido? Que mal há em lastrear as minhas escolhas em uma moral religiosa que está arraigada em mim e que eu, sinceramente, acredito ser o melhor não só para mim mas para toda a sociedade?

Há também quem diga: “o PT até pode ser mau, mas o meu candidato é bom. Eles [do PT] podem até ser a favor do aborto, do gayzismo e do comunismo. Mas o meu candidato não é assim”.  Para estes eu diria que uma andorinha só não faz verão. É ingenuidade acreditar que a estrutura viciada das instituições políticas no Brasil se deixará derrubar pela boa vontade de um ou outro candidato. A máquina chamada PT foi feita para arrasar quem discorde dela. Não lembram-se do caso Basssuma? Portanto, não adianta tentar colocar remendo de pano novo em roupa velha. A rotura fica maior ainda [Mt 9,16]. A roupa velha tem que ser jogada fora e substituída por uma veste nova. Além do que, como é que esse candidato supostamente bom vive com a sua consciência – sabendo que engrossa as fileiras de um partido anti-cristão e comprometido com anti-valores?

D. Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo, em uma recente orientação dada ao clero paulista falou nestes termos a respeito dos critérios de escolha de candidatos [grifos meus]:

No entanto, não se deixe de orientar os fiéis para que votem de modo consciente e responsável, dando o apoio a candidatos que sejam afinados com as suas próprias convicções e que, se eleitos forem, não promovam causas contrárias aos princípios cristãos na sua atuação parlamentar, ou executiva, sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida, desde a sua concepção até à sua morte natural.

Fiquemos atentos. São palavras de um Príncipe da Igreja. Aos que pretendem desprezar os argumentos e indagações que expus acima, peço que ao menos considerem o parecer do Cardeal, que – diferentemente de mim – não é um zé-ninguém.

Às urnas.

I – Jarbas Vasconcelos e o aborto


O senador [quase Coronel…] Jarbas Vasconcelos, em resposta a um e-mail enviado por um amigo meu, disse ser “indubitavelmente contrário à legalização do aborto no Brasil”. Disse ainda que, quando o PL 478/07 [Estatuto do Nascituro] chegar ao Senado, irá “acompanhar com o maior interesse para oferecer a sua contribuição”. Esperamos em Deus que ela essa contribuição seja positiva e que ele honre a palavra empenhada. Divulguem: quanto mais gente souber disso mais comprometedora será a declaração do senador pernambucano!


2 – Arautos: Nossa Senhora visita o Tribunal de Justiça de Pernambuco


“No dia 13 de maio, os Arautos do Evangelho de Recife conduziram a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Tribunal de Justiça de Pernambuco”. Acho importante essas visitas promovidas pelos arautos: foi exatamente em uma dessas que Nossa Senhora me “fisgou” de uma vez por todas para Cristo! Assistam ao vídeo.

3 – CNBB: “Eleições 2010: o chão e o horizonte”


Do site da CNBB:

“Eleições 2010: O chão e o horizonte”, este é o nome da cartilha eleitoral que servirá de subsídio ao eleitor e também de preparação das eleições de 2010. A cartilha foi elaborada pelo Conselho Nacional dos Leigos/as do Brasil (CNLB); Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP); Centro Nacional de Fé e Política “Dom Helder Câmara” (CEFEP); Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES) e Pastorais Sociais da CNBB.

Alguém tem coragem de dar R$ 1,00 [um real] num negócio desses?

I – CEB’s e CNBB


[Trago aqui um trecho da vergonhosa mensagem que a CNBB divulgou acerca das CEB’s, por ocasião da 48ª Assembléia Geral dos Bispos. Estou publicando aqui apenas a introdução – para que o leitor não tenha náuseas lendo o resto do documento… Grifei as partes que mais me enojam].


MENSAGEM AO POVO DE DEUS SOBRE AS

COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE


48ª Assembléia Geral da CNB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

“As Comunidades Eclesiais de Base”, dizíamos em 1982, constituem “em nosso país, uma realidade que expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja (…)” (Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, CNBB, doc. 25,1). Após a Conferência de Aparecida (2007) e o 12º Intereclesial (Porto Velho-2009), queremos oferecer a todos os nossos irmãos e irmãs uma mensagem de animação, embora breve, para a caminhada de nossas CEBs.

Queremos reafirmar que elas continuam sendo um “sinal da vitalidade da Igreja” (RM 51). Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Além disso, como afirma Medellín, as comunidades de base são “o primeiro e fundamental núcleo eclesial (…), célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana (…)” (Medellín 15).

Por isso, “Como pastores, atentos à vida da Igreja em nossa sociedade, queremos olhá-las com carinho, estar à sua escuta e tentar descobrir através de sua vida, tão intimamente ligada à história do povo no qual elas estão inseridas, o caminho que se abre diante delas para o futuro”. (CNBB 25,5)

Fonte: Adital [cuidado: este site reúne o maior número de hereges e comunistas que eu já vi. Recomendo rezar a São Miguel antes de clicar…]


II – Zapatero e o aborto

O Presidente da Espanha, Zapatero, quer resolver o problema financeiro das famílias espanholas. Mas, a seu modo… O Hazteoir está promovendo mais uma mobilização popular para protestar contra a proposta, feita pelo senhor José Luis Rodrigues Zapatero, de cortar o auxílio dado às mães solteiras e desempregadas. O problema não é simplesmente cortar um benefício assistencialista. O problema é fazer isso e, por outro lado, continuar, como bom comunista, sustentando e subvencionando sindicatos e partidos políticos que já há muito não mais exercem os seus papéis – porque servem somente à manutenção da ditadura. O problema, mais grave ainda, é o raciocínio esdrúxulo que está por trás de todo esse plano: i) as pessoas não têm emprego; ii) se as pessoas não têm emprego, não tem dinheiro; iii) se não têm dinheiro, não podem sustentar seus filhos; iv) se não podem sustentar os seus filhos, não merecem tê-los! Brilhante conclusão, D. Zapata!

Fonte: CNBB

Nota de solidariedade ao Papa Bento XVI

O povo católico de todo o mundo acompanha, com profunda dor no coração, as denúncias de inúmeros casos de abuso sexual de crianças e adolescentes praticado por pessoas ligadas à Igreja, particularmente padres e religiosos. A imprensa tem noticiado com insistência incomum, casos acontecidos nos Estados Unidos, na Alemanha, na Irlanda, e também no Brasil.

Sem temer a verdade, o Papa Bento XVI não só reconheceu publicamente esses graves erros de membros da Igreja, como também pediu perdão por eles. Disso nos dá testemunho a carta pastoral que o Santo Padre enviou aos católicos da Irlanda e que pode se estender aos católicos de todo o mundo.

Mais do que isso, Bento XVI não receou manifestar seu constrangimento e vergonha diante desses atos que macularam a própria Igreja. Firme, o Papa condenou a atitude dos que conduziram tais casos de maneira inadequada e, com determinação, afirmou que os envolvidos devem ser julgados pelos tribunais de justiça. Não faltou ao Papa, também, mostrar a todos o horizonte da misericórdia de Deus, a única capaz de ajudar a pessoa humana a superar seus traumas e fracassos.

Às vítimas o Papa expressou ter consciência do mal irreparável a que foram submetidas. Disse Bento XVI: “Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. É compreensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos”.

Essa coragem do Sucessor de Pedro nos coloca a todos em estado de alerta. Meditamos sobre esses atos objetivamente graves, e estamos certos de que – como fez o Papa – devem ser enfrentados com absoluta firmeza e coragem.

É de se lamentar, no entanto, que a divulgação de notícias relativas a esses crimes injustificáveis se transforme numa campanha difamatória contra a Igreja Católica e contra o Papa. Deixam-nos particularmente perplexos os ataques freqüentes e sistemáticos, ao Papa Bento XVI, como se o então Cardeal Ratzinger tivesse sido descuidado diante dessa prática abominável ou com ela conivente. No entanto, uma análise objetiva dos fatos e depoimentos dos próprios envolvidos nos escândalos revela a fragilidade dessas acusações. O Papa, ao reconhecer publicamente os erros de membros da Igreja e ao pedir perdão por esta prática, não merecia esse tratamento, que fere, também, grande parte do povo brasileiro, que sofre com esses momentos difíceis, e reza pelas vítimas e seus familiares, pelos culpados, mas também pelas dezenas de milhares de sacerdotes que, no mundo todo, procuram honrar sua vocação.

De fato, “a imensa maioria de nossos sacerdotes não está envolvida nesta problemática gravemente condenável. Provavelmente, não chegam a 1% os envolvidos. Ao contrário, os demais 99% de nossos sacerdotes, de modo geral, são homens de Deus, dignos, honestos e incansáveis na doação de todas as suas energias ao seu ministério, à evangelização, em favor do povo, especialmente a serviço dos pobres e dos marginalizados, dos excluídos e dos injustiçados, dos desesperados e sofridos de todo tipo” (cf. Cardeal Cláudio Hummes, 12ºENP).

No momento em que a Igreja Católica e a própria pessoa do Santo Padre sofrem duros e injustos ataques, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil manifesta sua mais profunda união com o Papa Bento XVI e sua plena adesão e total fidelidade ao Sucessor de Pedro.

A Páscoa de Cristo, que celebramos nesta semana, nos leva a afirmar com o apóstolo Paulo: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos em apuros, mas não desesperançados; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados” (2Cor 4,8-9). Nossa fé nos garante a certeza da vitória da luz sobre as trevas; do bem sobre o mal; da vida sobre a morte.

             

             
              “Escolhei hoje a quem quereis servir” [Js 24, 15]. Esta foi a colocação de Josué perante o povo de Israel em um momento muito significativo da história dos hebreus. O povo que gozava de especial predileção por parte de Deus precisava fazer uma escolha entre servir ao Senhor ou aos ídolos; entre submeter-se a uma visão puramente “horizontal” da vida [visão esta representada pelos ídolos confeccionados pelos próprios homens] ou voltar-se de todo o coração para o Deus Altíssimo, seu Criador. A decisão era entre manter os pés no chão ou dar o ousado “salto da Fé” [como diria o papa Ratzinger]. Josué, que havia interpelado o povo a posicionar-se e pronunciar-se, afirmou: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” [idem]. Assim ele decidiu – por si e pelos seus – que não abandonaria Aquele que os havia tirado do Egito “com mão forte e braço poderoso” [Dt 5,15] . Ele sabia que Deus os havia criado para o que é “do alto” e que as coisas aqui “de baixo” – por mais importantes que fossem ou parecessem –  deveriam ficar sempre em segundo plano.

               Quando Jesus afirmou que o Seu Reino não era “deste mundo” [Jo 18,36], ele nos estava indicando precisamente esta dimensão transcendente que envolvia Ele próprio e Sua missão. Nosso Senhor estava expondo a dicotomia entre este mundo e o mundo que há de vir. Estava nos alertando para o fato de que – diante de tal dilema – o homem precisa fazer uma escolha. Ora, Josué a fez e não creio que tenha se arrependido. Cada um de nós também precisa decidir. O que queremos? A quem queremos? 

               Diante de tantas propostas que o mundo nos apresenta é lamentável ver que o rumo que nos apontam os Senhores Bispos do Brasil [não todos, é claro] parece ser o “daqui de baixo”, e não o “lá do alto”. Jorge Ferraz publicou estatísticas  lamentáveis com respeito ao materialismo que se observa na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010. Trago aqui os números que Jorge divulgou no Deus lo vult!   como fruto de suas “buscas” no texto base da CF:

Eis aqui as estatísticas. A metodologia utilizada é trivial: a caixa de pesquisa do Acrobat Reader. Quando as expressões aparecem “puras”, é porque a busca foi feita por elas ipsis litteris; quando aparece “e derivados”, é porque consultei pelo radical (p. ex., ‘arrepend’, o que engloba tanto ‘arrependimento’ quanto as formas verbais ‘arrependei-vos’, ‘arrependi-me’, ‘arrepender’, etc.).

Os resultados são os seguintes:

“Jesus”: 37 ocorrências (“Nosso Senhor”, uma única ocorrência, na oração da CFE).
“Católica” e “católicos”: 8 ocorrências.
“Conversão” (e derivados): 7 ocorrências.
“Oração”: 5 ocorrências (sendo duas vezes no título “oração da CFE 2010″, a do índice e a da página correspondente).
“Caridade”: 4 ocorrências.
“Esmola”: 3 ocorrências.
“Pecado” (e derivados): 2 ocorrências.
“Jejum”: 2 ocorrências (e recomendo que vejam quais são!!).
“Virgem Maria” (a pesquisa foi feita por “Maria”): 2 ocorrências (“Nossa Senhora”, nenhuma).
“Arrependimento” (e derivados): 2 ocorrências.
“Sacramento”: 2 ocorrências.
“Papa”: 2 ocorrências.
“Magistério”: 1 ocorrência.
“Penitência”: nenhuma ocorrência.
“Eucaristia”: nenhuma ocorrência.
“Missa”: nenhuma ocorrência.
“Sacerdote”: nenhuma ocorrência.
“Calvário”: nenhuma ocorrência.
“Cruz”: nenhuma ocorrência.
“Trindade”: nenhuma ocorrência.
“Santificação”: nenhuma ocorrência (“santificar” tem duas, no comentário sobre o Pai Nosso).
“Redenção” (e derivados): nenhuma ocorrência (“Redentor” aparece uma única vez, numa nota de rodapé, em referência – pasmem! – a um livro sobre Martin Luther King, chamado “O Redentor Negro”! Está à página 55).
“Confissão” (sacramento): nenhuma ocorrência (há duas referências a “confissão”, na expressão “Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”, com as maiúsculas por conta da CNBB).

Em contrapartida:

“Economia (e derivados): 142 ocorrências.
“Solidariedade” (e derivados): 81 ocorrências.
“Pobre” (e derivados): 75 ocorrências.
“Direito(s)”: 74 ocorrências.
“Terra”: 64 ocorrências.
“Trabalho”: 56 ocorrências.
“Social” (e derivados): 54 ocorrências.
“Política” (e derivados): 39 ocorrências.
“Mercado” e “Mercadoria”: 30 ocorrências.
“Desenvolvimento”: 29 ocorrências.
“Povo”: 27 ocorrências.
“Miséria”: 12 ocorrências.
“Exploração” (e derivados): 11 ocorrências.

 

               Bem, vou furtar-me a fazer comentários sobre esses números porque Jorge já os fez de modo brilhante. Mas não posso deixar de manisfestar minha indignação frente a uma realidade, digamos, tão triste…

              Senhores Bispos, queremos estar puros ante a Justiça Divina e não somente alcançar a tão sonhada justiça “social”. Queremos, sim, amar os pobres. Todavia, almejamos mais que isso: queremos ser pobres em espírito para assim herdar o Reino de Deus [vide Mt 5, 3]. Queremos “novos céus e nova terra” [2 Pd 3,13]. Queremos ser mais que solidários: queremos ser caridosos. Somos gente de metas altas e não de propostas medíocres [porque demasiado horizontais]. Queremos, enfim, servir a Deus e não ao dinheiro. Isto nos basta: servir a Deus e nada mais.

 

I – “Comungar de joelhos ou em pé?” – por D. Estevão Bittencourt (via Duc in Altum)

 

Encontrei no Duc in Altum um post intitulado: “Comungar de joelhos ou em pé?”. Trata-se da reprodução de uma publicação originalmente feita na revista “Pergunte e responderemos”, idealizada e coordenada pelo saudoso D. Estevão Bittencourt, OSB. Com a sabedoria e fundamentação que lhe eram características, D. Estevão apresenta a história do indulto concedido pela Santa Sé ao clero do Brasil para que a comunhão fosse ministrada aos fiéis na mão [e, por conseguinte, de pé]. Esse indulto data de 1975. Contudo, a “Pergunte e Responderemos” salienta que – conforme declaração da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos datada de 1º de Julho de 2002 – a recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos, a saber: o de ser ajudado por seus Pastores por meio dos sacramentos (Código de Direito Canônico cânon 213). Vale a pena acessar o post do Duc in Altum e lê-lo na íntegra 😉

Recentemente, fui a uma cidade em que dois sacerdotes me negaram [por ironia do destino em um mosteiro beneditino] a comunhão na boca. Comunguei na mão. Sem problemas. Mas fiquei indignado por, mais uma vez, ver que – no Brasil – a exceção sempre vira regra…

 

II – Dom Aloísio Roque Oppermann e o Socialismo

 

Ao ler esta matéria do Fratres in Unum [a qual destaca a atitude de um arcebispo que – atendendo ao disposto no Motu Próprio Summorum Pontificum – declarou “abertas as portas” da sua arquidiocese ao Rito Tridentino], tive curiosidade de ir em busca de algo escrito por D. Aloísio Roque Oppermann, arcebispo de Uberaba (MG). Eis que me deparei com este artigo, de sua autoria, publicado no site da CNBB. Em dado momento D. Roque diz:

“[…] Já temos no mundo uma vasta experiência socialista, de duzentos anos, que se instalou em vários países, e deixou rastos de sangue e de atraso. Assim conhecemos sua face. Vejamos as características de tal linha econômico-política. Ela é invencivelmente de alma atéia. E como não consegue convencer a população, via raciocínio, então lança mão do cerceamento da liberdade.  Esvazia tudo o que é de ordem particular, para destinar todos os bens para a administração da sociedade. Como, no seu entender, a livre iniciativa só visa o lucro pessoal e o egoísmo, então o Estado é que deve planejar a produção e a distribuição dos bens. Cabe-lhe ditar regras para a imprensa, selecionar a linha ideológica da escola, e impor a revolução violenta, para implantar o regime dos miseráveis. Para o triunfo do socialismo, a via democrática se mostrou um caminho inviável. Só a coação, para eles, é que resolve. É claro que existem vários tipos de socialismo, mas suas semelhanças são enormes. Com essa descrição também não posso aprovar o capitalismo grosseiro. Mas este admite reformulações, deixa espaço para os partidos de tônica social, e aceita (às vezes constrangido), em aperfeiçoar-se pela Doutrina Social da Igreja. Gente, vamos encurtar caminhos: a via socialista, definitivamente, não é solução. Quem é socialista propõe uma via, comprovadamente retrógrada”.

Maravilha! Fiquei sem palavras ante uma declaração tão corajosa de um Apóstolo. Para D. Aloísio Roque, tiro o chapéu!