A Igreja, já há algum tempo, voltou-se [algumas vezes com preocupação] para o desenvolvimento dos meios de comunicação social. Entre outras coisas, a Santa Madre Igreja tem recordado aos comunicadores [tanto “amadores” quanto profissionais] a importância de cultivar [e guiar-se de acordo com] princípios éticos no exercício da atividade de comunicação. Bem assim, a Igreja lhes tem alertado quanto à urgência de fazer com que os veículos de comunicação sejam autênticos transmissores da verdade. Ética e Verdade são os pontos–chave do discurso eclesiástico sobre os mass media.

              Vale recordar que a própria Igreja nunca temeu adentrar neste universo da comunicação para explorá-lo, examiná-lo e extrair dele o [muito] que há de bom. Neste sentido é que foram criados a Rádio Vaticana, o L’ Osservatore Romano, e outros meios de divulgação e propagação da Fé a todas as gentes. Em certo sentido, os meios de comunicação contribuem para a realização da atividade missionária da Igreja.   

             Bom, fiz questão de introduzir este post desta maneira para contextualizar bem a matéria que Zenit publicou na sua edição de hoje. Foi noticiada a criação do “primeiro diretório global em linha dos meios de comunicação católicos” O diretório foi chamado de Inter Mirifica em referência ao Decreto promulgado pelo Concílio Vaticano II sobre os meios de Comunicação Social .

              O lançamento aconteceu durante o Mutirão Latino-americano e Caribenho de Comunicação (MUTICOM), realizado na PUC do Rio Grande do Sul. Dom Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, na conferência em que apresentou o Inter Mirifica, disse que “somos chamados a ser sal e luz, a promover uma cultura de respeito, diálogo e amizade”. O prelado também recordou que “os blogs e as redes sociais são espaços de encontro e difusão muito importantes”.

             O Inter Mirifica contará com colaboradores para a formação de seu banco de dados. Eu já me cadastrei como colaborador e estou aguardando a aprovação da solicitação. 😉 Segundo a mensagem que se segue ao cadastramento, se o meu pedido for aceito, eu poderei “criar novos registros de contatos de Mídias Católicas e enviar informações para atualizar o Diretório de Mídias Católicas”. Em outras palavras: vou poder contribuir indicando veículos de comunicação [sites, blogs, jornais, revistas, etc.] que, no meu entender, sejam autenticamente católicos. A idéia me parece boa. Por isso recomendo que os colegas blogueiros e proprietários de sites católicos também requeiram a sua inscrição como colaboradores do Diretório. Confesso que tenho receio de que este espaço acabe servindo à divulgção de veículos de formação e informação pseudo-católicos… Mas vejamos. É cedo para pensar nisso. Sejamos esperançosos. 😉

             Para finalizar gostaria de citar, de modo breve, o ensinamento de dois pontífices acerca dos mass media. Os chefes da Igreja nos falam da transposição dos limites temporais e espaciais [que é bastante verificável se pensarmos no alcance da internet], do “requisito moral fundamental” da comunicação, e da relação entre “liberdade e comunicação”:

             Em 7 de Maio de 1967, por ocasião do 1º Dia mundial das Comunicações Sociais, o Sua Santidade, o papa Paulo VI, pronunciou-se nestes termos:

 “Graças a essas maravilhosas técnicas, a convivência humana assumiu dimensões novas: o tempo e o espaço foram superados, e o homem tornou-se um cidadão do mundo, co-participante e testemunha dos acontecimentos mais distantes e das vicissitudes de toda a humanidade. Como disse o Concílio, “podemos falar de uma verdadeira transformação social e cultural, que tem os seus reflexos também na vida religiosa” (Gaudium et spes, Introdução): para esta transformação contribuíram positivamente os meios de comunicação social e, às vezes, de forma determinante, enquanto se esperam novos e surpreendentes progressos, como a próxima ligação em escala mundial das estações transmissoras da televisão, por meio dos satélites artificiais.

 Em tudo isto vemos delinear-se e agir um admirável desígnio de Deus providente, que abre à inteligência humana sempre novos caminhos para o seu aperfeiçoamento e para a consecução do fim último do homem”.

 

              O papa João Paulo II, na sua Mensagem para o 37º Dia Mundial das Comunicações Sociais, também fez considerações muito oportunas:

 “O requisito moral fundamental de toda a comunicação é o respeito pela verdade e o seu serviço. A liberdade de procurar e de dizer a verdade é essencial para a comunicação humana, não apenas no que se refere aos fatos e às informações mas também, e de maneira especial, no que diz respeito à natureza e ao destino da pessoa humana, à sociedade, ao bem comum e ao nosso relacionamento com Deus. Os mass media têm uma responsabilidade iniludível neste sentido, uma vez que constituem o foro moderno em que as ideias são compartilhadas e as pessoas podem crescer em compreensão mútua e em solidariedade”.

             E acrescentou:

“A liberdade é uma condição prévia para a paz verdadeira, assim como um dos seus frutos mais preciosos. Os mass media servem a liberdade, quando servem a verdade: e impedem a liberdade, na medida em que se separam da verdade, difundindo falsidades ou criando um clima de reação emotiva malsã diante dos acontecimentos. Somente se tiverem acesso livre às informações verdadeiras e suficientes, é que as pessoas poderão procurar o bem comum e considerar as autoridades públicas responsáveis”.