[Reproduzo abaixo, integralmente, o texto de um e-mail que recebi do Matheus Cajaíba, autor do Jornada Cristã. O tema do artigo que o Matheus indicou embora seja, no meu entender, da mais alta relevância, vem sendo tratado com “panos mornos” – quando não com indiferença por entidades de “proteção dos direitos dos índios”. Abortismo, paganismo, ignorância, seja-lá-o-que for, nada justifica a morte de uma criança inocente. Se calarmos, falarão as pedras. Antes que eu esqueça: dêem um desconto às “imprecisões” doutrinárias contidas no 2º parágrafo].
A ESTRANHA TEORIA DO HOMICÍDIO QUE NÃO ENVOLVE MORTE
Marcia Suzuki
Conselheira de ATINI – VOZ PELA VIDA
Alguns antropólogos e missionários brasileiros estão defendendo o indefensável. Através de trabalhos acadêmicos revestidos em roupagem de tolerância cultural, eles estão tentando disseminar uma teoria no mínimo racista. A teoria de que para certassociedades humanas certas crianças não precisariam ser enxergadas como seres humanos. Nestas sociedades, matar essascrianças não envolveria morte, apenas “interdição” de um processo de construção de um ser humano. Mesmo que essa criança já tenha 2, 5 ou 10 anos de idade.
Deixe-me explicar melhor. Em qualquer sociedade, a criança precisa passar por certos rituais de socialização. Em muitos lugares do Brazil, a criança é considerada pagã se não passar pelo batismo católico. Ela precisa passar por esse ritual religioso para ser promovida a “gente” e ter acesso à vida eterna. Mais tarde, ela terá que passar por outro ritual, que comemora o fato dela ter sobrevivido ao período mais vulnerável, que é o primeiro ano de vida. A festa de um aninho é um ritual muito importante na socialização da criança. Alguns anos mais tarde ela vai frequentar a escola e vai passar pelo difícil processo de alfabetização. A primeira festinha de formatura, a da classe de alfabetização, é uma celebração da construção dessa pessoinha na sociedade. Nestas sociedades, só a pessoa alfabetizada pode ter esperança de vir a ser funcional. E assim vai. Ela vai passar por um longo processo de “pessoalização”, até se tornar uma pessoa plena em sua sociedade.
Esse processo de socialização é normal e acontece em qualquer sociedade humana. As sociedades diferem apenas na definição dos estágios e na forma como a passagem de um estágio para outro é ritualizada.
Pois é. Esses antropólogos e missionários estão defendendo a teoria de que, para algumas sociedades, o “ser ainda em construção” poderá ser morto e o fato não deve ser percebido como morte. Repetindo – caso a “coisa” venha a ser assassinada nesse período, o processo não envolverá morte. Não é possível se matar uma coisa que não é gente. Para estes estudiosos, enterrar viva uma criança que ainda não esteja completamente socializada não envolveria morte.
Esse relativismo é racista por não se aplicar universalmente. Estes estudiosos não aplicam esta equação às crianças deles. Ou seja, aquelas nascidas nas grandes cidades, mas que não foram plenamente socializadas (como crianças de rua, bastardas ou deficientes mentais). Essa equação racista só se aplicaria àquelas crianças nascidas na floresta, filhas de pais e mães indígenas. Racismo revestido com um verniz de correção política e tolerância cultural.
Foto: Niawi, menino indígena enterrado vivo no Amazonas aos 5 anos de idade, por não conseguir aprender a andar. Seus pais eram contra o sacrifício e se suicidaram antes.
Tristemente, o maior defensor desta teoria é um líder católico, um missionário. Segundo ele “O infanticídio, para nós, é crime se houver morte. O aborto, talvez, seja mais próximo dessa prática dos índios, já que essa não mata um ser humano, mas sim, interdita a constituição do ser humano”, afirma.” i
Uma antropóloga da UNB, concorda. “Uma criança indígena quando nasce não é uma pessoa. Ela passará por um longo processo de pessoalização para que adquira um nome e, assim, o status de ‘pessoa’. Portanto, os raríssimos casos de neonatos que não são inseridos na vida social da comunidade não podem ser descritos e tratados como uma morte, pois não é. Infanticídio, então, nunca”.” ii
Mais triste ainda é que esta antropóloga alega ser consultora da UNICEF, tendo sido escolhida para elaborar um relatório sobre a questão do infanticídio nas comunidades indígenas brasileiras iii. Como é que a UNICEF, que tem a tarefa defender os direitos universais das crianças, e que reconhece a vulnerabilidade das crianças indígenas vi, escolheria uma antropóloga com esse perfil para fazer o relatório? Acredito que eles não saibam que sua consultora defende o direito de algumas sociedades humanas de “interditar” crianças ainda não plenamente socializadas. v
O papel da UNICEF deveria ser o de ouvir o grito de socorro dos inúmeros pais e mães indígenas dissidentes, grito este já fartamente documentado pelas próprias organizações indígenas e ONG’s indigenistas vi.
A UNICEF deveria ouvir a voz de homens como Tabata Kuikuro, o cacique indígena xinguano que preferiu abandonar a vida na tribo do que permitir a morte de seus filhos. Segurando seus gêmeos sobreviventes no colo, em um lugar seguro longe da aldeia, ele comenta emocionado:
“Olha prá eles, eles são gente, não são bicho, são meus filhos. Como é que eu poderia deixar matar?” vii
Para esses indígenas, criança é criança e morte é morte. Simples assim.
[i] http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=347765
[ii] idem
[iii] Marianna Holanda fez essa declaração em palestra que ministrou em novembro de 2009 no auditório da UNIDESC , em Brasília.
[iv] Segundo relatório da UNICEF, as crianças indígenas são hoje as crianças mais vulneráveis do planeta. “Indigenous children are among the most vulnerable and marginalized groups in the world and global action is urgently needed to protect their survival and their rights, says a new report from UNICEF Innocenti Research Centre in Florence.”
[v] Em algumas sociedades, crianças não socializadas seriam gêmeos, filhos de mãe solteira, de viúvas ou de relações incestuosas, crianças com deficiência física ou mental grave ou moderada, etc. A dita “interdição” do processo pode ocorrer em várias idades, tendo sido registrada com crianças de até 10 anos de idade, entre os Mayoruna, no Amazonas. Marianna defende essa “interdição” em dissertação intitulada “Quem são os humanos dos direitos?” Estudo contesta criminalização do infanticídio indígena
[vi] www.quebrandoosilencio.blog.br www.atini.org www.movimentoindigenaafavordavida.blogspot.com http://vimeo.com/1406660carta aberta contra o infanticídio indígena
[vii] Trecho de depoimento do documentário “Quebrando o Silêncio”, dirigido pela jornalista indígena Sandra Terena. Odocumentário está disponível no link www.quebrandoosilencio.blog.br
março 25, 2010 at 11:04 am
Essa é uma realidade que o Brasil nunca parou para ouvir. Seria interessante que isso fosse divulgado pelos meios de comunicação. Tem muita gente completamente insana nesse mundo.
março 25, 2010 at 2:26 pm
Prezado Gustavo: este artigo foi publicado originalmente no blog “Contra o Aborto”, do companheiro William Murat, e pode ser acessado através do link http://contra-o-aborto.blogspot.com/2010/03/infanticidio-indigena-estranha-teoria.html. O blog do William ainda tem outros dois artigos recentes sobre o assunto, denunciando a cumplicidade do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e a omissão da CNBB para a prática do infanticídio indígena. Sugiro a todos que prestigiem o bom trabalho do William acessando seu blog, divulgando as informações lá contidas e dando-lhe o dévido crédito. Um abraço fraterno.
março 26, 2010 at 10:21 pm
[…] referência, também, ao texto que o Erguei-Vos, Senhor reproduziu. “Esses antropólogos e missionários estão defendendo a teoria de que, para algumas […]
julho 8, 2010 at 7:22 pm
Já troquei e-mails diretamente com a Sra. Marianna Holanda. É incrível como uma pessoa acredita piamente que o conceito de “pessoa humana” é flexível, que a cultura é um valor superior à vida.
Depois que eu lhe questionei o porquê da vida do filho dela ter mais valor que dessas crianças indígenas ou das crianças abortadas (sim, ela é a favor do aborto), ela nunca mais respondeu.
Deus queira que o coração dela e de todos que compactuam com essa cultura de morte sejam tocados pelo VALOR DA VIDA.
“Olha prá eles, eles são gente, não são bicho, são meus filhos. Como é que eu poderia deixar matar?” – A gente chora lendo coisas assim. E algumas pessoas insistem em não acreditar nessas palavras.
setembro 13, 2010 at 3:09 pm
pelo amor de Deus, precisamos fazer alguma coisa p/ acabar com esse ato diabólico, como pode dizer que isso é cultura, não tem condições disso continuar, precisamos fazer alguma coisa, Senhor Deus faça alguma coisa!!!!!!! por Cristo.
outubro 29, 2010 at 1:54 pm
Eu não acredito que acontece coisas como essa aqui no Brasil. Por isso que esse pais nunca ira pra frente, tenho vergonha de morar nesse recinto de cruéis que não fazem nada para acabar com essa criminalidade!! E quanto aos indígenas, pra mim isso não é cultura e sim extrema ignorancia por que eles não tem estudo e nem conhecimento das leis de Deus. E se concientizarem eles de tudo isso. Talvez essa história tenha um final feliz!!!
novembro 8, 2010 at 2:40 pm
A UNICEF É NA VERDADE UMA GRANDE FARSA,SE O PROPOSITO FOSSE REALMENTE AJUDAR AS CRIANÇAS,NÃO HAVERIA TANTAS CRIANÇAS SENDO EXPLORADAS,MOLESTADAS,ESTUPRADAS JOGADAS NA RUA A MERCÊ DA PROPRIA SORTE,CRIANÇAS SENDO MORTAS SIMPLISMENTE PELA IGNORANCIA DE UM POVO OBSOLETO,O PIOR É A GRANDE CONSULTORA DA UNICEF APOIA ESSE CRIME,QUE É TÃO BRUTAL QUANTO A PEDOFILIA.AS AUTORIDADES SE CALAM DIANTE DISSO,SÃO IPÓCRITAS.A PERGUNTA É PORQUE OS FILHOS DELES SÃO MELHORES DO QUE AS CRIANÇAS INDIGENAS?ISSO NAO É CULTURA,É HOMICIDIO COM REQUINTE DE CRUELDADE.E SE FOSSE O FILHO DESSA GRANDE CONSULTORA E ANTROPOLOGA DA UNICEFE,ELA IRIA ENCARAR COMO CULTURA?
novembro 9, 2010 at 9:20 pm
Isso é um absurdo,depois que vi algumas imagens de um documentário falando sobre o infanticídio,fiquei horrizada..Não dormi nesta noite.
Não é invasivo defender essas crianças,é um ato de humanidade.O triste é ver que as pessoas estudam pra defender tais atos canibalescos como esse.
São CRIANÇAS..INDEFESAS!!!!
Onde está o meio de comunicação,que não divulga isso???
fevereiro 27, 2011 at 11:20 pm
E UM ABSURDO……
EM PLENO SÉCULO 21, CRIANÇAS INDIGINAS MARCADAS PARA MORRER, COMO EXPLICAR E COMO IMPEDIR OS COSTUMES DE ALGUMAS TRIBOS DE SACRIFICAR CRIANÇAS SADIAS, DOENTES E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. O PIOR E SE COLOCAR NO LUGAR DESSES PAIS POIS NA MAIORIA DAS VEZES ESSAS CRIANÇAS TEM QUE SER MORTAS POR ELES. “O INDIOS SÃO CONSIDERADOS INIPUTAVEIS PELA LEI BRASILEIRA, ISSO QUER DIZER QUE ELES NÃO PODERIAM SER PRESO POR SACRIFICR CRIANÇAS. A PRATICA FAZ PARTE DA CULTURA INDIGINA E POR ISSO E RESPEITADA POR MUITOS ESPECIALISTAS. AGORA FICA A PERGUNTA!
AFINAL ATÉ A ONDE A LEI PODE IGNORAR UM CRIME TAO BRUTAL?
fevereiro 27, 2011 at 11:23 pm
E UM ABSURDO……
EM PLENO SÉCULO 21, CRIANÇAS INDIGENAS MARCADAS PARA MORRER, COMO EXPLICAR E COMO IMPEDIR OS COSTUMES DE ALGUMAS TRIBOS DE SACRIFICAR CRIANÇAS SADIAS, DOENTES E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. O PIOR E SE COLOCAR NO LUGAR DESSES PAIS POIS NA MAIORIA DAS VEZES ESSAS CRIANÇAS TEM QUE SER MORTAS POR ELES. “O INDIOS SÃO CONSIDERADOS INIPUTAVEIS PELA LEI BRASILEIRA, ISSO QUER DIZER QUE ELES NÃO PODERIAM SER PRESO POR SACRIFICR CRIANÇAS. A PRATICA FAZ PARTE DA CULTURA INDIGENA E POR ISSO E RESPEITADA POR MUITOS ESPECIALISTAS. AGORA FICA A PERGUNTA!
AFINAL ATÉ A ONDE A LEI PODE IGNORAR UM CRIME TAO BRUTAL
dezembro 11, 2011 at 6:54 pm
NÃO ENGOLEM UMA FORMIGA MAIS UM ELEFANTE ENGOLEM, Enquanto doutores, pesquisadores, antropólogos, etc. TODOS SÁBIOS DISCUTEM O ASSUNTO, MAIS ÍNDIOS MORREM ENTERRADOS OU ASSADOS VIVOS. OS VELHOS SÃO DEIXADOS PARA MORRER NA FLORESTA. EM NOME DA CULTURA E DOS COSTUMES, NÓS, QUE NOS ACHAMOS CIVILIZADOS, CONCENTIMOS UM ASSASSINATO HORRÍVEL SEM FAZER NADA. NÃO ESTOU FALANDO PARA PRENDER, MAS ENSINAR, FAZER ALGO JÁ. MAS QUEM FALA DA CULTURA E DE COSTUMES É PROCESSADO POR RACISMO. AINDA QUE A LEI PERMITISSE, DEVERÍAMOS LUTAR CONTRA TODO TIPO DE LEI HIPOCRITA, QUE MATA. A VIDA VEM EM PRIMEIRO LUGAR, A VIDA É MAIOR QUE A CULTURA E QUE OS COSTUMES E AINDA MAIOR QUE ESTE MONTE DE DOUTORES QUE ESTÃO PERDENDO TEMPO TENTANDO EXPLICAR O ATO ABOMINÁVEL QUE ATÉ ALGUNS ÍNDIOS NÃO CONCORDAM. A política de SEGREGAÇÃO QUE A FUNAI IMPÕE AOS ÍNDIOS, proibindo o contato só piora a situação. O índio tem que ser inserido em nossa sociedade é o que diz a lei do índio. A Constituição diz que TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI. Estão fazendo do índio um sub-cidadão e isto o índio não é. O ÍNDIO É UM DE NÓS, RACISTAS SÃO OS QUE PENSAM QUE O ÍNDIO NÃO TEM CAPACIDADE DE APRENDER. Estou respondendo um inquérito movido pelo MPF de Roraima, justamente por questionar isto.
APOIE A PL A FAVOR DA VIDA INDIGENA.
Só existe uma explicação para a segregação dos índios, ELES(OS PODEROSOS) QUEREM NEGOCIAR AS RIQUEZAS DAS TERRAS COM OS ÍNDIOS. Tem muita coisa errada nisto aí. VAMOS LUTAR, JÁ É HORA DE ALGUÉM FAZER ALGUMA COISA. Meu e-mail é juvenal.neto@ibge.gov.br
me ajudem em mais esta empreitada.
agosto 13, 2018 at 11:59 am
Hey lá! Eu fui leitura sua Web site para alguma hora começado agora e finalmente coragem ir adiante e dar-lhe um shout para fora de Porter Tx! Justo quis o diga prosegue bom trabalho! |